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Primeiro time profissional indígena do Brasil busca conscientização e patrocinadores

Gavião Kyikatejê Futebol Clube disputou a Série B2 do Campeonato Paraense, em 2024
Gavião Kyikatejê Futebol Clube disputou a Série B2 do Campeonato Paraense, em 2024Frames de divulgação

O Gavião Kyikatejê Futebol Clube, o primeiro time de futebol profissional do Brasil formado por jogadores indígenas, lançou uma iniciativa, em filme, de letramento da população e atração de patrocinadores.

Depois de Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, fazer alusão ao mau desempenho da equipe em campo com a frase “não é um time de índios”, um grupo de publicitários se uniu voluntariamente em prol do time paraense e da causa. A fala causou controvérsia e repercutiu na imprensa pelo viés preconceituoso.

Embora tenha se desculpado publicamente, a expressão deu luz a um problema antigo do discurso público: a falta de instrução em relação aos povos originários do Brasil. Por isso, os criativos desenvolveram uma campanha para promover o clube indígena e questionar antigas ideias, que levem o público a refletir sobre o tratamento dado aos indígenas. 

"Contando sobre a lenda, fizemos a jornada do herói. Essa foi a forma que encontramos para transmitir a força desse time. Queremos que o espectador sinta a energia Kyikatejê para realmente compreender quem são esses atletas", explicou o diretor de animação Faga Melo.

Dentro das normas e busca por patrocínio

Fundado em 2009, o Gavião Kyikatejê cumpre todas as normas da CBF para que seja considerado profissional, mas nunca teve patrocinadores oficiais. A iniciativa abre cotas de patrocínio e convida marcas a apoiarem o clube por meio de ações de marketing.

“Estamos em busca de empresas dispostas a investir no time. Isso vai nos ajudar a melhorar a estrutura e a qualidade de vida dos atletas e da comunidade da aldeia Kyikatejê”, explica Zeca Gavião, o primeiro indígena brasileiro a concluir o curso superior em Futebol e presidente do time indígena.

O Gavião ter um time de atletas indígenas e não ter nenhum apoio institucional é um reflexo do quão distantes estamos do tema inclusão no futebol”, disse o sócio-produtor executivo Thiago Balma.

Gavião busca o primeiro patrocínio oficial
Gavião busca o primeiro patrocínio oficialInstagram/Gaviao Kyikateje

Origem e visibilidade

O vídeo é uma imersão na história da etnia Kyikatejê, com elementos que representam a aldeia, as simbologias e lendas - como a do próprio Gavião, que dá nome ao time. Com o intuito de aproximar o público da etnia, algumas cenas do filme foram pintadas à mão.

“O Gavião já fez história sozinho, com o próprio esforço. Contamos a história deles como uma homenagem e para impulsionar o time a voar ainda mais longe”, comentou um dos criativos Victor Toyofuku.

Filme do Gavião estreou nesta sexta-feira (17)
Filme do Gavião estreou nesta sexta-feira (17)Frames de divulgação

Juntos, profissionais e produtoras buscaram a consultoria e o aval do cacique Zeca Gavião (Pepkrakte Jakukreikapiti Ronore Konxarti), líder da aldeia Kyikatejê e presidente do Gavião Kyikatejê Futebol Clube, para a realização do projeto.

“Ao contarmos a história do Gavião Kyikatejê, damos visibilidade ao time e tratamos os povos originários com o devido respeito”, finaliza Luiz Whately, diretor de cena da Balma Films.