Numerosas federações esportivas internacionais proibiram atletas russos e bielorrussos de competir desde a invasão de Moscou na Ucrânia no ano passado. Alguns esportes lhes permitiram competir, mas disseram que deveriam fazê-lo sob bandeiras neutras.

Mas o evento da Associação Internacional de Boxe (IBA) em Delhi envolve lutadores de ambas as nações competindo sob suas bandeiras e hinos nacionais. As bandeiras e cores da Rússia e de seu aliado político Belarus foram desfiladas na cerimônia de abertura na quarta-feira.

A IBA é liderada pelo russo Umar Kremlev e conta com o gigante russo da energia Gazprom como um grande apoiador financeiro. A IBA foi suspensa pelo Comitê Olímpico Internacional em 2019 devido a múltiplos escândalos de corrupção.

Os Estados Unidos, Ucrânia, Canadá, Suécia e Grã-Bretanha estão entre os países que boicotam o torneio, que vai até 26 de março e envolve 65 nações. Alguns disseram que também se recusarão a participar do evento masculino em Tashkent, Uzbequistão, de 1 a 14 de maio.

A GB Boxing disse, no mês passado, que a iniciativa da IBA de permitir que boxeadores da Rússia e Bielorússia competissem na Índia sob suas bandeiras nacionais "contraria as resoluções aprovadas pelo COI".

"Isto colocou mais distância entre a IBA e o movimento olímpico, além das questões significativas e de longa data sobre integridade esportiva, governança, transparência e gestão financeira que o COI pediu à IBA que abordasse", disse em declaração.

Discriminação

Em Delhi, o Ministro dos Esportes da Rússia, Oleg Matytsin, disse que "neste período difícil, é importante que a equipe apareça sob a bandeira russa. Você pode ver que estas jovens sabem que país elas estão representando".

"Tenho certeza que o exemplo da IBA terá uma influência positiva sobre outras federações internacionais", disse Matytsin na terça-feira, citado em uma declaração de seu ministério.

"O esporte deve ser separado da política e não deve ser alvo de discriminação com base na nacionalidade", acrescentou ele.

A suspensão da IBA pelo COI significa que o boxe corre o risco de desaparecer como esporte olímpico dos Jogos de Paris em 2024.

A Federação Francesa de Boxe está permitindo que seus lutadores estejam em Delhi, com seu chefe Dominique Nato dizendo terça-feira que queria permanecer "neutro" antes dos Jogos Olímpicos de Paris.

"Estou ciente do que está acontecendo no mundo, mas novamente, a política está tomando o esporte como refém e isso é inaceitável", disse Nato à AFP.

Boxeadores de outras nações da União Européia, incluindo Espanha e Itália, estavam participando, segundo os organizadores, assim como a Nova Zelândia, Austrália e Japão.

Em 1º de março, a IBA abriu uma ação disciplinar contra os chefes de várias associações nacionais de boxe por causa do boicote, acusando-os de "comportamento antiético".

"No boxe, não há lugar para qualquer forma de discriminação e a IBA vê como sua missão proteger seus valores", disse a entidade. A Rússia tem 12 boxeadores no torneio e Belarus, seis.