"21 de setembro. Há exato um ano e oito dias eu estava entrando em uma cirurgia. A minha primeira e única. Não foi qualquer cirurgia, mas sim para retirar um tumor no meu cérebro. Exato. Eu estava com câncer. Ouvi muitas coisas de pessoas e também médicos dizendo que seria melhor eu parar ou fazer algo diferente do que eu fazia", contou Júnior Tavares.
"Poderia sair com muitas sequelas, pois era uma cirurgia de risco de vida e muito complicada. Sim, eu sabia de todos os riscos, como perda da visão, falta de controle sobre a movimentação do corpo ou a morte. São palavras fortes, mas essa era a minha realidade há um ano. E sim, eu consegui vencer o câncer. E consegui sair sem sequelas e com a saúde estável novamente", acrescentou o lateral-esquerdo.
No futebol do Chipre, o ex-jogador do Tricolor Paulista já atuou por quatro partidas e marcou um gol logo em sua segunda aparicão pelo Omonia Aradippou, na vitória sobre o ENP por 2 a 0.
"Isso foi um milagre de Deus em minha vida. Ele tinha algo a mais para mim, assim como eu também queria algo a mais para minha vida e carreira. Graças a Deus continuo fazendo o que amo e na minha primeira partida de volta aos gramados (quando começou como titular), depois de um ano e sete meses longe, eu realmente pude fazer minha reestreia", celebrou Tavares.
O depoimento emotivo do atleta destacou ainda sua resiliência em um momento tão decisivo de sua vida. O gol no retorno aos gramados foi a consagração perfeita de uma história de determinação.
"Deus é tão generoso que me agraciou com um gol na minha volta. Nessa hora passou um filme sobre tudo que aconteceu em minha vida. Radioterapias, sessões de exames, dores, dias sem dormir, preocupações, cansaço físico e mental. Mesmo assim, minha fé seguia intacta, pois não eram palavras de homens que mudaria isso, porque a palavra do Senhor era meu combustível. Hoje estou de volta com saúde, vida, alegria e muita vontade (...) Venci uma batalha difícil contra uma doença difícil. Eu não vou parar. Isso é para as pessoas que falaram que eu não iria conseguir. Bom, eu consegui e estou de volta", concluiu Tavares.
No ano passado, quando estava na Ponte Preta e já tinha conhecimento do tumor, Tavares chegou a ser internado em Campinas após sentir um formigamento no braço. Ele já não estava mais à disposição da Macaca desde a descoberta do grave problema de saúde. À época, todavia, o clube seguiu prestando todo o auxílio médico necessário em prol de sua plena recuperação.
Júnior Tavares, natural de Porto Alegre, iniciou sua carreira como profissional no Grêmio. Mas curiosamente aceitou se transferir para jogar na base do São Paulo. Do Tricolor, ele foi emprestado ao futebol europeu, onde defendeu a Sampdoria e o Portimonense.
Antes de chegar à Ponte Preta, ele ainda jogou no Sport Recife e também no Náutico. Na Macaca, ele fez parte do time que conquistou a Série A2 do Campeonato Paulista.