Mesmo diante desse cenário, a campanha feita pelo Botafogo é louvável. Sabemos que é muito difícil uma equipe manter a regularidade durante todo o campeonato. É normal a oscilação acontecer, mas a questão é que oscilar na reta final pode custar muito caro.
Nada vai tirar o mérito do esforço e do comprometimento feitos durante todo o ano, mas deixar o tão sonhado título escapar será um banho de água fria. Como escrevi na última coluna, todo cuidado é pouco na reta final do Brasileirão.
Números
Matematicamente falando, temos no mínimo seis equipes com condições de conquistar o título: Botafogo, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Grêmio, Atlético-MG e Flamengo. Mas, neste momento, vejo dois principais concorrentes nessa disputa: Palmeiras e Bragantino.
Em um recorte dos últimos 5 jogos, a equipe do Palmeiras venceu todos. Derrotou, inclusive, o próprio Botafogo, que foi o único time a vazar a defesa alviverde. Já o Bragantino venceu 4 e perdeu apenas 1. A equipe é a que menos foi batida na competição, com apenas cinco derrotas.
Nesse mesmo recorte, o Botafogo tem enorme desvantagem: uma vitória, um empate e três derrotas. Até o sétimo colocado, o Alvinegro é o único clube com três derrotas nesse período.
O fator mental
É fato que o Campeonato Brasileiro é um dos mais difíceis do mundo. Não estou falando sobre nível técnico, mas sim de equilíbrio entre as equipes, no qual o último colocado é capaz de dificultar um jogo contra o líder. Mesmo que muitos utilizem um termo pejorativo para descrever o Brasileirão como “nivelado por baixo”, não deixa de ser nivelado.
No meu ponto de vista, porém, o que vai decidir esse título será o fator mental. Vejo que um dos principais adversários do Botafogo tem sido esse aspecto. A ansiedade e a euforia criadas externamente pela conquista do título, que já não vem há 28 anos, com certeza mexem com o ambiente interno.
Outros fatos que ocorreram e, queira ou não, acabam tirando o foco: o jogo contra o Athletico-PR precisou terminar no dia seguinte por falta de energia no Estádio Nilton Santos; o adiamento da partida contra o Fortaleza; a tensão criada após o duelo contra o Palmeiras, no qual o Botafogo levou a virada após estar vencendo por 3 a 0.
Tudo veio à tona publicamente com reclamações enfáticas por parte da diretoria. Se os atletas não estiverem blindados contra tudo isso e não forem fortes psicologicamente, afeta diretamente no desempenho. A equipe deve se concentrar para voltar a ter o nível de atuação que apresentou na maior parte da competição.
Concorrentes diretos
Como já escrevi acima, ainda que seis clubes tenham chances matemáticas reais de título, dois concorrentes aparecem mais fortes nessa disputa. O vice-líder Palmeiras, extremante acostumado com esse tipo de situação, tem um treinador (Abel Ferreira) que, além da qualidade técnica do seu elenco, faz um trabalho mental muito bom com os atletas.
Por sua vez, a equipe do Red Bull Bragantino, sem chamar muito a atenção, vem “comendo pelas beiradas”. Faz uma competição equilibrada e com muita consistência, sem se intimidar com a camisa dos adversários. Este final de campeonato promete grandes emoções.