OPINIÃO: SporTV mancha sua história ao interromper final feminina do US Open

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OPINIÃO: SporTV mancha sua história ao interromper final feminina do US Open

Atualizada
Coco Gauff venceu seu primeiro título de Grand Slam
Coco Gauff venceu seu primeiro título de Grand SlamAFP
Os telespectadores que acompanharam a final feminina do US Open pelo SporTV, no sábado (9), viveram uma experiência inédita no tênis mundial, e também no pachequismo brasileiro.

Coco Gauff e Aryna Sabalenka duelavam intensamente no set decisivo da partida quando, no quinto game da parcial, o canal resolveu mostrar o que acontecia na quadra 11 de Flushing Meadows.

Na quadra 11 acontecia a grande final do torneio masculino juvenil com a participação de um tenista nascido no Brasil, que ainda tem 17 anos e é número 656 do ranking da ATP.

O SporTV mostrou dois games do primeiro set do possante duelo entre os garotos João Fonseca e Learner Tien em detrimento de dois games do terceiro set da decisão entre as mulheres número 1 e 3 do mundo.

No Twitter, espectadores furiosos reclamaram da decisão esdrúxula da direção do "canal campeão".

Comentários em tuíte do SporTV sobre a final
Comentários em tuíte do SporTV sobre a finalReprodução/Twitter

Comparado com a decisão das profissionais, o jogo do João –  que, como descreveu o repórter do SporTV em Flushing Meadows, é "carioquíssimo" – era muito ruim. Incomparavelmente ruim.

Sem contar que a câmera da quadra 11 é aquela olho-de-peixe que distorce tudo e torna qualquer jogo desagradável de se ver.

Mas o diretor do canal não se comoveu, e quando Gauff x Sabalenka voltou à telinha, a partida estava de repente 4 a 2 para a norte-americana.

O narrador Eusébio Resende deu a desculpa de que Sabalenka estava recebendo atendimento médico, e por isso eles pularam para a final do sub-17 – mas no app do Flashscore você podia ver que a partida das mulheres havia já recomeçado.

Após dividir a tela por alguns minutos para mostrar as duas finais – que sem dúvida se equiparavam, não? – a SporTV fechou seu vacilo com chave de ouro e ignorou a cerimônia de premiação da histórica vitória de Coco Gauff para voltar ao confronto Fonseca x Tien.

Busca frenética por audiência ou patriotada? 

"Os atletas brasileiros são sempre prioridade. Além de se tratar de uma decisão, valia a primeira colocação no ranking juvenil", informou a Comunicação da Globo ao Flashscore.

Esta política parece vir de encontro à velha máxima de que brasileiro gosta mesmo é de torcer.

Mas a nacionalidade do adolescente o faz automaticamente mais "torcível" do que Coco ou Sabalenka, personagens que o telespectador já conhece? 

João Fonseca é um adolescente da elite carioca cujos pais são sócios do caríssimo Country Club – seu berço no tênis. Muito talentoso, sem dúvida, mas quem resolveu que apenas o passaporte de João o fez mais interessante que as melhores tenistas do mundo?

E outra: bom lembrar que Thiago Wild, o último brasileiro a vencer a chave juvenil no US Open antes de Fonseca, se mostrou ser um dos tenistas menos torcíveis do tour.

É por essa e por muitas outras que o patriotismo cego é, além de descabido, um tiro no pé.

Sim, é verdade que em qualquer lugar do mundo (talvez um pouco menos na Alemanha, que tem traumas muito pesados com o nacionalismo), todo país puxa a brasa para si.

Mas até o pachequismo tem limites.

A opinião dos editores não necessariamente reflete a posição do Flashscore
A opinião dos editores não necessariamente reflete a posição do FlashscoreFlashscore